Artigos

Instalação de sprinkler

julho 12, 2019

Revista Emergência

Por João Carlos Wollentarski Júnior


Cuidados mínimos no acabamento final de uma instalação de chuveiros automáticos

Como qualquer obra de engenharia, uma instalação de chuveiros automáticos precisa de um acabamento final para que tudo ocorra dentro do esperado e que os sprinklers só funcionem em caso de incêndio. Para a felicidade de todos, este retoque final não requer anos de experiência ou mesmo o conhecimento de segredos guardados a sete chaves, basta seguir os requisitos presentes na norma de instalação ABNT NBR 10897 e nos catálogos técnicos dos produtos.

Grande parte das patologias em instalações de chuveiros automáticos não ocorrem por falhas na operação do sistema durante um incêndio e sim durante o período que a instalação está em repouso. Vazamentos, aberturas inesperadas de bicos de sprinkler, rompimento de tubulações e conexões, danos a manômetros e chaves de fluxo são alguns dos inconvenientes vividos por muitos proprietários deste tipo de instalação.

Quando um proprietário vive o calvário de uma patologia em sua instalação de  sprinkler, geralmente, ele passa a enxergar o sistema de forma pejorativa, visto que a entrada de água em um local sem necessidade pode trazer prejuízos tão grandes quanto um princípio de incêndio.

Bicos de sprinkler não são projetados para abrirem em situações de temperatura normal no ambiente. Sendo assim, por que em algumas instalações temos chuveiros entrando em funcionamento sem que se atinja a temperatura de operação dele? Geralmente, a resposta a este fenômeno advém do cuidado no manuseio e instalação do próprio equipamento. Os bicos de sprinklers são um dos elementos mais sensíveis de uma

instalação, porém, não é raro este produto ser tratado como uma peça qualquer. Em muitas obras, os instaladores recebem os bicos devidamente embalados de fábrica, incluindo até presilhas plásticas para proteger o elemento sensível, sendo desembalados pelo encanador e jogados dentro de caixas para serem levados ao local da instalação. Como se não bastasse, é comum alguns encanadores usarem chaves inapropriadas para o rosqueamento do bico na tubulação, causando danos físicos ao elemento termossensível imperceptíveis a olho nu. Esta falta de zelo pode acarretar na abertura do bico por causa da quebra do elemento termossensível e não pelo excesso de temperatura.

Todos os fabricantes trazem no catálogo de seus produtos que eles não podem ser manuseados desta maneira e a maioria, inclusive, vem com estas informações nas próprias embalagens dos sprinklers. Vale ressaltar ainda que a própria NBR 10.897 indica que deve

ser disponibilizado, junto aos bicos de sprinklers, reservas chaves próprias para instalação dos bicos, afim de disponibilizar para o proprietário do sistema uma ferramenta adequada para manuseio futuro.

Instalação de sprinkler

VAZAMENTOS

Em geral, os vazamentos estão associados à ausência de testes hidrostáticos da rede ou falta de válvula de alívio de pressão. Toda rede de sprinkler deve ser ensaiada hidrostaticamente com uma pressão de, no mínimo, 350 kPa acima da pressão máxima do sistema e nunca inferior a 1.350 kPa, por, no mínimo, duas horas. Válvulas de governo devem possuir uma pequena válvula de alívio para aliviar pressões que excedam às máximas admitidas para a rede em função de variações térmicas naturais do ambiente.

Ambos os requisitos descritos aqui estão presentes na NBR 10.897, porém, são constantemente ignorados por maus instaladores. Vale ressaltar que a água é um líquido incompressível, pequenas variações de temperatura tendem a elevar e muito as pressões nas tubulações e uma tubulação não adequadamente testada a esta situação e sem válvula de alívio tende a apresentar vazamentos, principalmente nas roscas dos bicos de sprinklers ou nas conexões da rede. Este tipo de vazamento é característico pois, geralmente, está associado a gotejamentos. Problemas nas conexões como posicionamento inadequado das borrachas no acoplamento, roscas malfeitas ou conexões trincadas são, em geral, identificados nos testes hidrostáticos. Conhecer previamente estes problemas evitam prejuízos futuros e são essenciais para uma instalação adequada.

ROMPIMENTO

Rompimentos de tubulações e conexões, bem como a quebra de manômetros e chaves de fluxo, normalmente, estão associados a transientes hidráulicos (Golpes de Aríete). Este tipo de fenômeno não é previsto para ocorrer em redes de chuveiros automáticos, porém, não é raro encontrarmos patologias associadas a isto. Golpes de Aríete são interrupções bruscas de escoamentos em uma rede hidráulica criando sobrepressões de grande monta que, muitas vezes, superam a capacidade máxima de pressão dos equipamentos. Basicamente, para se evitar este tipo de problema são utilizadas válvulas de bloqueio de fechamento lento, drenagem do ar da rede e configuração das partidas das bombas próxima das pressões máximas que estas atuam. A NBR 10.897 indica que é proibido usar válvulas onde o tempo de fechamento delas seja inferior a cinco segundos. A norma também indica que as pressões de partida das bombas para automação devem levar em conta as pressões máximas admitidas na rede (bomba a vazão zero com reservatório cheio de água) de forma que, quando a bomba principal entrar em funcionamento, a diferença de pressão existente na rede e a pressão acrescida ao sistema em função do funcionamento da bomba seja de no máximo 1 bar. O ar é um elemento compressível e funciona como uma mola. Redes de chuveiros automáticos do tipo “molhado” (Wet pipe) devem possuir água no seu interior e não ar, conforme definido na NBR 10.897. A drenagem do ar é importante e deve ser feita antes de o sistema ser colocado em funcionamento.

Normalmente, os maiores problemas de patologias advindas de golpe de aríete estão associados à regulagem com baixa pressão da automação das bombas relacionadas a redes com muito ar. É comum os instaladores regularem as pressões das partidas das bombas com valores baixos, pois nesta situação a rede ficará em repouso com baixas pressões e a chance de vazamentos é muito menor. Os proprietários, por sua vez, geralmente usam as redes de hidrantes para limpeza de pátios (procedimento inadequado e proibido pelos Corpos de Bombeiros). Estas redes estando conectadas ao sistema de sprinklers fazem com que a bomba entre em funcionamento e quando ela é desligada não é feito um procedimento para purgar o ar. Sendo repetido diversas vezes, este método tende a deixar a rede com muito ar. Em um momento do futuro, por um desgaste natural, a bomba de pressurização (jockey) virá apresentar algum defeito e se tivermos uma despressurização a bomba principal será acionada. Ou seja, será uma combinação fatal, pois a bomba entrará em funcionamento com nenhum ponto para água escoar. Como a pressão que a bomba exerce no sistema é muito maior que a pressão de repouso que o sistema se encontrava, a bomba irá injetar água na tubulação e como não temos bicos de sprinklers abertos ou hidrantes em funcionamento, esta água irá comprimir o ar existente como se fosse uma mola sendo pressionada. A partir daí, teremos o desenvolvimento do golpe de aríete no qual o efeito mola do fluido na tubulação entrará em ressonância, gerando pressões excessivas na rede. Em geral, aqui temos rompimento de tubulações, conexões e quebras de manômetros e chaves de fluxo.

DICAS

Para uma avaliação simples de uma instalação de sistema de sprinklers, os proprietários devem: verificar a integridade dos bicos de sprinklers, buscando uma plataforma e inspecionando visualmente. Normalmente, numa instalação bem-feita eles estão íntegros, sem “mordidas”, com o defletor e os braços firmes e alinhados. Sugere-se ainda que o clamp (presilha laranja para proteger o elemento termossensível do bico) seja retirado somente após toda a obra estar completa, incluindo as demais instalações e os acabamentos do ambiente; verificar junto às válvulas de governo se foram instaladas válvulas de alívio. Normalmente, estas possuem uma tubulação de cobre flexível saindo delas e lançando em um dreno; solicitar ao instalador o formulário com os testes hidrostáticos da tubulação. Basicamente, ele vai conter os dados da rede, a pressão de ensaio, a data e o tempo que ficou pressurizada; verificar se as regulagens de partidas e parada das bombas estão compatíveis com as pressões máximas do seu sistema, levando em conta inclusive o reservatório cheio de água. Se a partida da bomba principal estiver com pressões próximas de 1 bar abaixo da pressão máxima do sistema é um indicativo que as regulagens estão corretas; observar se as válvulas da rede de sprinkler são de fechamento lento. Válvulas de esfera são admitidas apenas em drenos ou testes. Válvulas borboletas devem possuir volante redutor (nunca usar válvulas com aliancas); nunca use ou deixe usar a rede de hidrantes para fins que não sejam de combate a incêndios, mesmo que seja para limpeza final de obra; e se for necessário o uso de hidrantes ou se um bico entrou em operação, restabeleça a pressão da rede de sprinklers para colocá-la em repouso, retirando o máximo de ar possível dela. Se não tiver habilidade para isto, solicite auxílio de um técnico experiente.

Um sistema de sprinkler bem instalado e devidamente mantido é uma das melhores armas que existem para redução de perdas e proteção de vidas. O capricho final de uma instalação promove segurança e confiabilidade. Fique atento e valorize o seu produto.

Postagens recentes

  • Competindo com qualidade
    In Sem categoria
    10 anos de ensaios e análise da relação entre mercado e certificação de sprinklers mostra importância do futuro da indústria brasileira diante da globalização Se determinados […]
  • Tipos de Sprinklers
    In Artigos
    https://youtu.be/pDHgsZY97PA Temos uma gama enorme de sprinklers no mercado. A seguir destacaremos os mais utilizados em edifícios corporativos, hospitais, Shopping Center, […]
  • 16° Curso de Especialização em Prevenção Contra Incêndio do CBMDF
    In Notícias
    A ABSpk participou do 16° Curso de Especialização em Prevenção Contra Incêndio do CBMDF, realizado nas dependências do Comando do CBMBA, com 90 bombeiros de ambas as corporações. […]